Instrução Mágica do Espírito, da Alma a do Corpo
GRAU I
Vamos agora entrar na parte prática da iniciação. Não devemos esquecer nunca que o
corpo, a alma e o espírito devem ser instruídos simultaneamente, senão não seria possível
obtermos a mantermos o equilíbrio mágico. Na parte teórica eu já indiquei várias vezes os
perigos de uma instrução unilateral. Não é aconselhável apressar-se, tudo tem o seu tempo.
Paciência, perseverança a determinação são condições básicas para o desenvolvimento. O
esforço empregado na própria evolução será mais tarde amplamente recompensado. Quem
quiser trilhar os caminhos da magia, deve assumir o dever sagrado de exercitar-se
regularmente.
Devemos ser generosos, amistosos a condescendentes com o próximo, mas severos a duros
com nós mesmos. Só com esse comportamento é que poderemos ter sucesso na magia.
Nunca se deve julgar ou criticar os outros sem antes olhar para si mesmo. Não se deve
conceder a ninguém o acesso ao próprio reino; o mago não deve falar sobre a sua
caminhada, sua escalada e seu sucesso. O maior poder reside no silêncio, a quanto mais
esse mandamento for obedecido, tanto mais acessíveis e facilitados serão os caminhos a
essas forças. Devem os organizar-nos de tal maneira a empregar o máximo tempo possível
nessa escalada.
Não é necessário permanecer horas tomando cerveja na companhia de pessoas que não têm
nada a dizer. O tempo escorre feito água a não volta nunca. Devemos definir um
determinado período de tempo para tudo isso, mas este deverá ser mantido de qualquer
maneira; as exceções só deverão ser aceitas em casos totalmente inevitáveis. O homem é
uma espécie muito apegada aos seus hábitos, a quando se acostuma a um certo horário de
exercícios, automaticamente será impelido a cumpri-lo sempre. Assim como se estabelece
nele a necessidade de comer, beber a dormir, também os exercícios acabarão por tornar-se
um hábito. Só assim ele poderá ter a certeza de ser bem sucedido. Sem esforço não há
recompensa. Ao agrupar as instruções dessa maneira, minha intenção foi considerar as
pessoas que estão sempre muito ocupadas, mas quem tiver uma disponibilidade maior de
tempo poderá executar dois ou mais exercícios simultaneamente.
Instrução Mágica do Espírito (I)
Controle do Pensamento, Disciplina do Pensamento, Domínio do Pensamento
Sente-se confortavelmente numa cadeira ou deite-se num divã. Relaxe todo o corpo,
feche os olhos durante cinco minutos e observe o curso dos pensamentos que você tenta
fixar. No início irá perceber que uma grande quantidade desses pensamentos precipitar-se-
ão em sua mente, na sua maioria pensamentos relativos a coisas a situações do dia-a-dia, às
suas atividades profissionais, suas preocupações em geral. Imagine-se na posição de um
observador silencioso, totalmente livre a independente. Conforme o estado de ânimo e a
situação em que você se encontrar no momento, esse exercício será mais ou menos difícil
de realizar. Não se trata de perder o curso do pensamento ou de esquecê-lo, mas de
acompanhá-lo com atenção. Devemos sobretudo evitar pegar no sono durante o exercício.
Ao nos sentirmos cansados, devemos interromper o exercício imediatamente a adiá-lo para
uma outra ocasião, quando então assumiremos o compromisso de não nos deixarmos
dominar pelo cansaço. Para não perder o seu tempo precioso, os indianos, por exemplo,
borrifam ou esfregam água fria no rosto a no peito, a assim conseguem permanecer
despertos. Algumas respirações profundas antes do exercício também eliminam e previnem
o cansaço e a sonolência.
Com o tempo, o aprendiz descobrirá por si mesmo essas a outras pequenas medidas
auxiliares. Esse exercício de controle do pensamento deverá ser feito de manhã e à noite, e
a cada dia o seu tempo deverá ser prolongado em um minuto, para que em uma semana
possamos acompanhar a controlar o curso de nossos pensamentos por no máximo dez
minutos sem nos dispersarmos. Esse período de tempo foi determinado para o homem
mediano, comum. Quem achá-lo insuficiente pode prolongá-lo de acordo com a própria
avaliação.
De qualquer modo deve-se avançar com prudência, pois não há motivos para pressa;
em cada pessoa o desenvolvimento ocorre de forma bastante individual. Mas não se deve
de jeito nenhum seguir adiante antes de dominar totalmente o exercício anterior.
O aprendiz atencioso perceberá como inicialmente os pensamentos vão sobressaltá-
lo, passando por sua mente em grande velocidade a dificultando a sua captação. Mas de um
exercício a outro ele constatará que o caos inicial irá desaparecendo aos poucos a eles
ficarão mais ordenados, até que só uns poucos surgirão na sua mente como que vindos de
muito longe.
Devemos dedicar a máxima atenção a esse trabalho de controle do pensamento, pois
ele é extremamente importante para a evolução mágica, o que mais tarde se evidenciará
por si mesmo.
Pressupondo-se que o exercício em questão foi suficientemente elaborado a que todos já conseguem dominar a sua prática, podemos prosseguir com mais uma instrução,
que é a instrução mental.
Já aprendemos a controlar nossos pensamentos. O exercício seguinte consiste em
não permitir que pensamentos insistentes e indesejados aflorem em nossas mentes. Por
exemplo, ao retornarmos à nossa vida privada a familiar, devemos estar em condições de
evitar as preocupações ligadas ao nosso trabalho profissional. Todos os pensamentos que
não pertencem à nossa vida privada
devem ser desligados, a devemos imediatamente nos transformar em outras pessoas.
E vice-versa, na nossa atividade profissional devemos direcionar nossos pensamentos
exclusivamente ao trabalho a não permitir que se desviem para outros locais, como o
ambiente doméstico ou privado, ou qualquer outro. Isso deve ser exercitado até
transformar-se num hábito.
Devemos sobretudo habituar-nos a executar nossas tarefas, no trabalho ou na vida
privada, com a máxima consciência, sem levar em conta o fato de se tratar de algo grande,
importante, ou de uma coisa insignificante, pequena. Esse exercício deve ser cultivado ao
longo de toda a vida, pois ele aguça a mente a fortalece a memória e a consciência.
Depois de obtermos uma certa prática na execução desse exercício, podemos passar
ao próximo, que consiste em fixar uma única idéia por um certo período de tempo, a
reprimir com firmeza outros pensamentos que vêm se juntar a ela na mente, com violentos
sobressaltos. Escolha um pensamento ou uma idéia qualquer de sua preferência, ou então
uma imagem. Fixe-a com toda a força, a rejeite energicamente todos os outros
pensamentos que não tenham nada a ver com os do exercício. No início, você só
conseguirá fazer isso por alguns segundos, a posterior mente, por alguns minutos. Você
tem que conseguir fixar um único pensamento a acompanhá-lo por no mínimo dez
minutos seguidos.
Se for bem sucedido em seu intento, estará maduro para mais um exercício, que
consistirá no aprendizado do esvaziamento total da mente. Deite-se confortavelmente num
sofá ou numa cama, ou então sobre uma cadeira reclinável, a relaxe o corpo inteiro. Feche
os olhos. Rejeite energicamente todos os pensamentos emergentes. Em sua mente não
deve haver nada, somente o vazio total. Fixe esse estado de vazio total, sem se desviar ou
se distrair. No início você só conseguirá manter isso durante alguns segundos, mas
exercitando-se constantemente conseguirá um melhor desempenho. O objetivo do
exercício será alcançado quando você conseguir manter-se nesse estado durante dez
minutos completos, sem se distrair ou adormecer.
Seus sucessos, fracassos, tempos de duração dos exercícios e eventuais
perturbações deverão ser anotados cuidadosamente num diário mágico. (Mais detalhes
sobre isso serão apresentados no item "Instrução Mágica da Alma"). Esse diário servirá
para o controle pessoal de sua escalada. Quanto mais consciencioso você for na
consecução dos exercícios aqui descritos, tanto melhor será a sua assimilação dos
restantes.
Elabore um plano preciso de trabalho para a semana entrante ou para o dia seguinte.
E principalmente, cultive a auto-crítica.
Instrução Mágica da Alma (I)
Introspecção ou Auto-Conhecimento
Em nossa casa, assim como em nosso corpo a nossa alma, precisamos sempre saber
o que fazer a como faze-lo. Por isso nossa primeira tarefa é nos conhecermos a nós
mesmos. Todo sistema iniciático, de qualquer tipo, sempre impõe essa condição. Sem o
auto-conhecimento não existe uma escalada verdadeira.
Nos primeiros dias da instrução da alma pretendemos ocupar-nos com a parte prática
da introspecção, ou auto-conhecimento. Adote um diário mágico a tome nota de todas as
facetas negativas de sua alma. Esse diário deve ser de seu use exclusivo a não deve ser
mostrado a ninguém; é um assim chamado livro de controle, só seu. No autocontrole de
seus defeitos, hábitos, paixões, impulsos a outros traços desagradáveis de caráter, você
deve ser rígido e duro consigo mesmo. Não seja condescendente consigo próprio, não tente
embelezar nenhum de seus defeitos a deficiências. Medite a reflita sobre si mesmo,
desloque-se a diversas situações do passado para lembrar como você se comportou aqui ou
ali, quais os defeitos a deficiências que surgiram nessa ou naquela situação. Tome nota de
todas as suas fraquezas, nas suas nuances a variações mais sutis. Quanto mais você
descobrir, tanto melhor. Nada deve permanecer oculto ou velado, quer sejam defeitos a
fraquezas mais evidentes ou mais sutis. Aprendizes especialmente dotados conseguiam
descobrir centenas de defeitos nos matizes mais tênues; dispunham de uma boa capacidade
de meditação a de penetração profunda na própria alma. Lave a sua alma até que se
purifique, dê uma boa varrida em todo o sua lixo.
Essa auto-análise é um dos trabalhos mágicos prévios mais importantes. Muitos
sistemas ocultos negligenciam-no, a por isso também têm pouco sucesso. Esse trabalho
prévio na alma é a coisa mais importante para o equilíbrio mágico, pois sem ele não há
possibilidade de uma escalada regular nessa evolução. Devemos dedicar alguns minutos de
nosso tempo, na parte da manhã a também à noitinha, ao exercício de nossa autocrítica.
Dedique-lhe também alguns instantes livres de seu dia; use esse tempo para refletir
intensamente se ainda há alguns defeitos escondidos, a ao descobri-los coloque-os
imediatamente no papel, para que nenhum deles fique esquecido. Sempre que topar com
algum defeito, "Não hesite, anote-o imediatamente!"
Caso você não consiga descobrir todos os seus defeitos em uma semana, prossiga
por mais uma semana com essas pesquisas até que o seu assim chamado "registro de
pecados" esteja definitivamente esquematizado. Depois de conseguir isso em uma ou duas
semanas passe para o exercício seguinte. Através de uma reflexão precisa, tente atribuir cada um dos defeitos a um dos quatro elementos. Arranje uma rubrica, em seu diário, para
cada um dos elementos, a anote abaixo dela os defeitos correspondentes. Coloque aqueles
defeitos sobre os quais você tiver alguma dúvida, sob a rubrica "indiferente". No decorrer
do trabalho de desenvolvimento, você terá condições de determinar o elemento
correspondente a cada um de seus defeitos.
Assim por exemplo, você atribuirá ao elemento fogo os seguintes defeitos: irritação,
ódio, ciúme, vingança, ira. Ao elemento ar atribuirá a leviandade, a fanfarronice, a
supervalorização do ego, a bisbilhotice, o esbanjamento; ao elemento água, a indiferença, o
fleugmatismo, a frieza de sentimentos, a transigência, a negligência, a timidez, a teimosia,
a inconstância. Ao elemento terra atribuirá a susceptibilidade, a preguiça, a falta de
consciência, a lentidão, a melancolia, a falta de regularidade.
Na semana seguinte, reflita sobre cada uma das rubricas e divida-a em três grupos.
No primeiro grupo coloque os defeitos mais evidentes, que o influenciam com mais força,
a que surgem já na primeira oportunidade, ou ao menor estímulo. No segundo grupo
coloque aqueles defeitos que surgem mais raramente a com menos força. E no terceiro, na
última coluna, coloque finalmente aqueles defeitos que chegam à expressão só de vez em
quando e em menor escala. Isso deve ser feito desse modo também com todas as outras
rubricas de elementos, inclusive com os defeitos indiferentes. Trabalhe sempre
escrupulosamente, a você verá que vale a pena!
É exatamente desse modo que devemos proceder com as características boas de
nossa alma. Elas também deverão ser classificadas sob as respectivas rubricas dos
elementos; a não esqueça das três colunas. Assim, por exemplo, você atribuirá ao elemento
fogo a atividade, o entusiasmo, a determinação, a ousadia, a coragem. Ao elemento ar
atribuirá o esforço, a alegria, a agilidade, a bondade, o prazer, o otimismo, a ao elemento
água a sensatez, a sobriedade, o fervor, a compaixão, a serenidade, o perdão, a ternura.
Finalmente, ao elemento terra atribuirá a atenção, a perseverança, a escrupulosidade, a
sistematização, a sobriedade, a pontualidade, o senso de responsabilidade.
Através desse trabalho você obterá dois espelhos astrais da alma, um negro com as
características anímicas ruins, a um branco com os traços bons a nobres do seu caráter.
Esses dois espelhos mágicos devem ser considerados dois autênticos espelhos ocultos, e
afora o seu proprietário, ninguém tem o direito de olhar para eles. Devemos observar mais
uma vez que o seu proprietário deve estar motivado a trabalhar de modo preciso a
consciencioso no seu espelho mágico verdadeiro. Caso lhe ocorra, ao longo de seu trabalho
de evolução, mais uma ou outra característica boa ou ruim, ele ainda poderá incluí-la sob a
rubrica correspondente. Esses dois espelhos mágicos dão ao mago a possibilidade de
reconhecer, com bastante precisão, qual dos elementos é o predominante em seu caso, no
espelho branco ou no negro. Esse reconhecimento é necessário para se alcançar o
equilíbrio mágico, a mesmo a evolução posterior do aprendiz será sempre guiada por ele.