* Altar Menstrual .
"Ouve, mulher que sangra
Este sangue é essencial
É ser fêmea
Ser sagrada,ser natural"
A grande discussão sobre o altar menstrual vem pela repulsa trazida do senso comum dentro da sociedade em que vivemos de que é nojento abrigar um altar para tal fim, porém é defendida a ideia de que isso é tão importante quanto honrar a natureza em seus diversos sentidos. O altar menstrual tem o contexto de trazer a celebração dos ciclos da mulher que é representada pela Deusa (aspecto feminino de uma divindade) em que tem seus ciclos naturais como nascimento, vida e morte como qualquer outro ser. O ciclo menstrual está ligado ao Esbath que é a celebração das fases lunares (que representa a Deusa - feminino), é comum portanto que mulheres menstruem em lua cheia ou lua crescente porque representa a entrada do ciclo desta, a menstruação ocorre todo mês/uma vez por mês e o período dura em cerca de três a cinco dias de sangramento. Não corresponde a cada fase lunar, afinal, o ciclo da lua é mais extenso.
A ideia de celebrar essa fase sagrada vem de tempos atrás, quando mulheres taxadas como bruxas saiam nuas pelas plantações deixando que seu sangue menstrual fosse derramado naturalmente no solo para que a colheita pudesse ser farta, rica e a plantação pudesse ser abençoada. Por tal comportamento eram taxadas se não como loucas como bruxas, pois a nudez é desde muito tempo trazida como profana, desrespeitosa, diabólica, perversa e fruto da luxúria (um dos sete pecados capitais trazido pelo cristianismo). O cristianismo traz outros fatos que trouxeram a imagem do corpo da mulher como sendo fruto de profanação e diabolização, onde o corpo da mulher era pecaminoso. O mito de Adão e Eva traz a ideologia de que a nudez foi profanada quando Eva descumpriu uma ordem superior (Deus) e provou do fruto proibido quando foi influenciada pela "cobra", cobra essa que foi representada de diversas formas e com diversos nomes, inclusive a de Lilith, que era um demônio feminino que persuadiu Eva e a levou a cometer o pecado. Lilith é a representação da libertação da mulher, da sua liberdade sexual que dentro do contexto cristão é repugnante para a mesma, que no paganismo é citada como uma Deusa com aspectos parecidos aos de demônio, mas não como de mulher pecaminosa e sim como uma mulher enriquecida por uma liberdade e aflorada por seus desejos, o que dentro do paganismo não é pecado (por não acreditar-se no pecado), portanto é a mulher e sua natureza sagrada e que deve ser honrada assim como sua nudez deve ser.
No altar menstrual é colocada a imagem da Deusa, uma Deusa em específico escolhida por um determinado indivíduo ou somente a imagem da Deusa como mulher (que não traz referência a uma Deusa específica, a Vênus, por exemplo). É colocada também a imagem de uma serpente que traz a representação de Lilith e a representação do fogo que é simbolicamente a representação de um elemento, que por sua vez representa o sangue. Em geral são colocadas também conchas que são a representação do sagrado feminino (representam Afrodite). O caldeirão que é a representação do ventre (onde tudo é criado). Velas vermelhas para o período de menstruação ou velas negras para o período de menopausa. São colocadas flores também, elas representam a fertilidade, abundância e colheita, que por sua vez representam o útero preenchido e florescido. Algumas pessoas colocam livros menstruais onde anotam experiências. Mas claro, cada pessoa pode criar seu próprio altar com as suas características.
Sobre colocar-se o sangue menstrual no jarro/vaso pode ser ser colocado vinho para aquelas que sentem nojo do próprio sangue ou pode ser colocar o sangue, de que forma é retirado para ser depositado? Bom, acredito que cada uma encontra um jeito melhor, portanto, tudo é possível. E o que fazer com esse sangue ou o vinho? Depois do ciclo (3 a 5 dias depois) joga-se o sangue ou o vinho que foi depositado no jarro/vaso menstrual diretamente na terra, isso representa a devolução do nosso sangue a Mãe Sagrada, representa a fertilização e benção ao solo (não deixa de ser adubo). O jarro/vaso é limpo após esse ritual normalmente com água e costuma-se lavar com algumas ervas específicas caso julguem necessário para tirar odores e outros e o ciclo continua.
Uma mensagem que deixo a vocês é que é tão importante celebrar e honrar seus ciclos quanto viver, parece sem importância ou sem qualquer interferência ao cotidiano mas é celebrando que se vê determinadas diferenças. E isso mostra o quão gratas somos a nosso próprio sexo, o quão liberta somos e devemos ser de fato. Não tenham nojo de vocês mesmas, tenham nojo da repulsa pelo corpo.
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